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Os atuais padrões de beleza podem ser inalcançáveis para a maioria da população. E como o estudo promovido pela Dove em dez países mostrou que a insatisfação feminina advém, em grande parte, do modelo transmitido pela mídia e por valores culturais.

Mais importante, o relatório apontou para um caminho: as mulheres querem que beleza esteja dissociada de atratividade física. Buscam ampliar o conceito, e, aprofundando-o, dar sentido a uma filosofia de "beleza plena" - que se consegue trabalhando a autoestima.

O psicólogo clínico e psicoterapeuta Marco Antonio De Tommaso é especializado em Psicologia Clínica Geral.Para ele, o início da conversa é que não existe um "padrão" de beleza. "Nem existe um aparelho para medir se esta mulher é mais bonita do que aquela, um ‘belezômetro'. Uns podem achar que Ana Paula Arósio é mais bonita que Gisele Bündchen. Aí outro chega e diz: ‘prove'. Como fazer isso?", afirma Tommaso.


Há três estados de beleza: ser bonita, estar bonita e sentir-se bonita

De qualquer forma, são a estes padrões - inatingíveis, não custa lembrar - que as mulheres se referem quando, diante do espelho, se vêem diferentes. Não há como negar a influência da mídia ao alimentar este ideal. "A mulher virou refém disso. É um movimento da cultura ocidental, e onde chega o movimento, chega o problema", diz Tommaso, que cita um caso bastante esclarecedor. "Houve recentemente um estudo de Harvard nas Ilhas Fuji, local onde, até 1995, não havia televisão. Pois bem: três anos após a chegada da TV, 69% das mulheres faziam dieta e 1/8 das mulheres pesquisadas tinha bulimia".

Mesmo entre os chamados "padrões", as modelos, o grau de exigência beira o insano: "Fiz um levantamento com 140 modelos. Absolutamente todas questionam a própria beleza e o próprio corpo", conta Tommaso.

Só resta a pergunta: o que fazer? O psicólogo explica que há três estados de beleza:

O SER bonita, que é um fator genético. A pessoa se adapta naturalmente ao modelo porque nasceu assim.

O ESTAR bonita, que é a beleza potencializada pela roupa, pela maquiagem, pelo cuidado com o corpo, tratamentos e cirurgia.

E o SENTIR-SE bonita, que é onde entra a autoestima. A autoestima é um potencializador da beleza.

É aí que está o caminho. Autoestima, conhecimento de nós mesmas, valorização do que temos de melhor. Tommaso conta que o ícone máximo de beleza, Gisele Bündchen, logo que chegou a São Paulo no começo da carreira, passou os primeiros nove meses ouvindo, nos castings, que era nariguda, sardenta e feia. “Ela ouvia, levantava a cabeça e seguia adiante para outro casting. O que é isso? Ela passava por cima do que diziam, acreditava nela. Isso é autoestima elevada. Não importa o que digam, importa como você se vê.”

Se a iniciante Gisele tivesse acreditado em seus primeiros testes, hoje não teríamos Gisele Bündchen. Quem sabe, as mesmas pessoas que a criticaram no início seja aquelas que hoje não acham Gisele Bündchen apenas lindíssima, mas a mais linda de todas.